Planejamento

13 Planejamento em todos os níveis(inclusive com ciclo PDCA)

 

A criatividade tem sido muitas vezes definida como uma “revolução do olhar” ou na verdade, um segundo olhar. A teoria da Gestalt estabelece, no mesmo sentido, que descobrir uma nova ideia é descobrir uma nova forma.

 

Abordando o tema da mudança, a equipe de Palo Alto, define: “se você deseja mudar, é preciso que mude duas vezes. É preciso mudar não somente a realidade que o cerca, mas também sua percepção desta realidade.”

 

Tais considerações nos levam a pensar: qual a relação que deve existir entre planejamento e mudança? Ou entre planejamento e criatividade?

 

Se o futuro for pensado em termos incrementais: ou seja, um pouco mais da mesma coisa, estaremos focando a gestão do dia a dia. Ou buscando melhorar o processo em termos contínuos. Nesta situação, o nível de intimidade entre planejamento, mudança e criatividade, não será muito alto. E o método clássico que é baseado em uma consultoria de melhoria de processos parece perfeitamente aplicável.

 

Mas há quem considere que o futuro não pode ou não deve ser pensado apenas como um processo puramente incremental, de crescimento linear. Que uma parte deste futuro será resultado de uma ruptura: algo inovador, como o foi, no atletismo de alto nível, a técnica conhecida como Fosbury Flop utilizada no salto em altura, em que o atleta se aproxima da barra diagonalmente e salta de costas.

 

Por isso se diz que há uma diferença entre o gerente e o estrategista: o primeiro administra a continuidade e o segundo lida com a descontinuidade.

 

Obter esta criatividade não é tão simples nas empresas, mesmo quando o corpo dirigente e técnico seja de alto nível. Já se disse que “a memória manobra os pensamentos nas direções em que estamos familiarizados”. De fato, nós vemos e acreditamos com muito mais facilidade naquilo que desejamos que seja verdade. Ou seja, não queremos mudanças, mesmo porque haverá sempre o risco de que a mudança seja uma confissão de equívocos passados. E certamente é mais cômoda a situação conhecida do que as incertezas de novas soluções.

 

Por outro lado, vivemos época de grande dinamismo em que as mudanças de cenário se processam com cada vez mais frequência. A globalização aumenta os riscos e seus efeitos chegam mais cedo do que poderíamos supor. O acesso crescente a um volume cada vez maior de informações e a evolução permanente das áreas de tecnologia de informação e comunicação são outros agentes de mudanças constantes.

 

Sabe-se por outro lado que o planejamento estratégico atua na interface entre a organização e seu ambiente externo. E nestas circunstâncias as empresas que visam apenas aumentos incrementais serão cada vez mais raros.

 

É dentro destas perspectivas que a “revolução do olhar” se torna cada vez mais necessária. E neste mister o consultor ganha maiores responsabilidades. Aos poucos a anterior consultoria de melhoria de processos evolui para uma consultoria de conteúdo. Cabe ao novo consultor instigar, provocar e sugerir outras visões e cenários díspares. Para tanto não é mais suficiente que conheça apenas as ferramentas de planejamento estratégico e que saiba usá-las com precisão e senso de oportunidade. É também necessário que conheça o setor e o ambiente externo, assim como suas tendências.

 

E as empresas se verão diante de um novo desafio: como gerenciar ideias?